Hoje vamos dar início a análise dos golpes daquele que, segundo Guga, seria o jogador perfeito. Em recente entrevista Guga mesclou golpes de vários jogadores para definir o que, para ele seria o jogador completo. Os golpes e respectivos jogadores eram:
Forehand - James Blake. O norte-americano tem pouca amplitude no golpe e ainda assim consegue imprimir enorme velocidade à bola.
Backhand - David Nalbandian. O golpe com duas mãos permite ao argentino trocar com grande facilidade a direção da bola e seria um dos segredos para incomodar tanto Roger Federer.
Saque - Andy Roddick. Segundo Guga, é um movimento solto e que, quando pega em cheio, não tem mesmo qualquer defesa.
Voleio - Roger Federer. Movimento muito natural, preciso e leve.
Concentração - Rafael Nadal. Está sempre dentro do jogo e impõe respeito até mesmo a Federer.
Carisma - Novak Djokovic. Com suas imitações e jeito divertido, consegue interagir com o público.
Vamos começar analisando o forehand de James Blake.
Segundo Guga, o forehand de Blake é um golpe com pouca amplitude e muita potência e a seguir vamos analisa-lo desde o grip até a terminação.
Grip
Para situarmos o grip de James Blake dentre os clássicos existente, dizemos que ele utiliza o grip semi-western. No entanto, assim como Federer, Blake mantém parte de sua mão fora da raquete, o que a deixa um pouco mais solta e portanto faz com que ele consiga trabalhar “entre grips”. Ao contrário de Federer que possui um grip um pouco mais conservador (mais próximo do eastern), o de Blake tende a se encontrar mais próximo do semi-western. Este grip semi-western um pouco modificado e com a mão mais em baixo permite também uma maior utilização do pulso, o que ajuda Blake na hora de gerar potência e efeito.
Pés e Backswing
Como a maioria dos jogadores que utilizam grips mais extremos (semi e full western), Blake quase sempre entra na bola em posição aberta ou semi-aberta, o que proporciona uma rotação completa de quadril e ombros.
No entanto, o que mais chama atenção no golpe de Blake (e que foi considerado por Guga) é a amplitude de seu movimento, ou seja, o tamanho da rotação de seu braço ao redor dos ombros. Talvez por ser um jogador que cresceu em quadras rápidas, Blake conseguiu aliar um curto backswing com uma potência semelhante a jogadores como Gonzalez, e isto é um diferencial, pois com movimentos menores o jogador ganha muito mais tempo para execução do golpe. Sua potência vem de dois fatores, a máxima utilização do pulso no final do backswing, e da rotação completa dos quadris e ombros antes e depois do impacto.
Na foto abaixo vemos Blake entrando em posição aberta para execução de forehand e em comparação com Gonzalez, podemos ver a diferença da amplitude do backswing.
Ponto de Contato
O ponto de contato de Blake se situa a frente do corpo, mas pela extensão de seu braço notamos que este ponto poderia ser um pouco mais a frente. No entanto este ponto de contato totalmente a frente facilitaria o trabalho do pulso e conseqüentemente ajudaria a gerar mais efeito e portanto acredito que este atraso se deve à busca de Blake por mais potência em detrimento do efeito.
Na foto abaixo repare a diferença da extensão do braço de Blake em relação a Federer, que é conhecido como o jogador que mais busca o ponto de contato à frente do corpo no circuito profissional.

Terminação
Uma das maiores evoluções do golpe de forehand, além do gripe foi a utilização total da rotação do tronco e ombro para a execução do golpe. Até a bem pouco tempo atrás, os jogadores giravam o tronco e ombro e terminavam o golpe com seu ombro direito (quando destros) quase paralelo a linha de base. No forehand moderno como o de Blake esta rotação pode chegar até 180°, ou seja, na terminação do golpe o ombro direito termina a 90° ou mais em relação a linha de base.

No caso de Blake a raquete termina abaixo da linha do ombro, mas isso não é um fator determinante na potência de seu golpe, e sim a utilização máxima da rotação do quadril e ombros.