Escrevo hoje meu primeiro artigo no blog e, por se tratar de um blog dedicado exclusivamente ao tênis, escolhi escrever sobre a despedida de Guga das quadras. Roland Garros está chegando e, portanto está chegando o dia da última partida de Guga como tenista profissional.
O que escrever sobre o Guga que não seja óbvio ou que já não tenha sido escrito?
Fiquei pensando nesta pergunta e olhando para a tela do meu computador por pelo menos 30 min e decidi tentar passar à vocês minha impressão como ex-jogador, ou pelo menos como um jovem tenista via o tênis antes do Guga e como ele vê hoje.
Comecei a jogar tênis com 4 anos de idade em São José dos Campos, e desde então seja como jogador ou como técnico, sempre estive envolvido com alguma coisa relacionada a este nosso esporte maravilhoso. Quando se é jovem e está iniciando em algum esporte, além da dedicação, amor ao esporte e sobretudo diversão, a criança sempre se espelha em algum astro deste esporte, imita seus golpes, sua maneira de agir, suas roupas e tudo que o aproxime deste modelo. O Brasil, até o aparecimento do Guga sempre teve ótimos jogadores, que fizeram história e, que de maneira nenhuma pretendo aqui diminuir ou minimizar suas conquistas.
No entanto, para jovens que cresceram entre os anos 70 e 90 os ídolos, os modelos eram sempre jogadores como Arthur Ashe, Yanick Noah, Matts Wilander, John Mcenroe, Bjorn Borg, Ivan Lendl, Boris Becker, Pete Sampras, André Agassi e tantos outros que brilhavam no tênis em sua época. Era estranho porque, se por um lado adorávamos e torcíamos por jogadores brasileiros no circuito, sempre sentíamos que os ídolos estavam longe.
Nosso sonho era ser número 1 do mundo, ganhar grandes torneios, viajar o mundo, mas parecia que este sonho era inacessível e que uma barreira de realidade não nos permitia acreditar que aquilo que queríamos poderia ser alcançado. Nós sabíamos que poderíamos ser excelentes juvenis, a exemplo de tantos outros que antes de nós ocuparam as primeiras posições do ranking e tiveram excelentes resultados. Mas no Profissional, alguma voz, lá no fundo, dizia “Espera aí!!!! Isso já é demais pra você!”
Quantos juvenis brasileiros fizeram sucesso mundo à fora, tiveram grandes oportunidades em função disto e mesmo assim não conseguiram alcançar grandes resultados no Profissional?
Dentre outros fatores, mais ou menos importantes, eu acredito que a falta do ídolo afetava diretamente estes grandes talentos.
Até que de repente, aparece um cara que além de ter sido um dos melhores juvenis do mundo resolveu acreditar que poderia ser igual a seus ídolos. Que mesmo adorando e se espelhando neles, o que ele gostaria mesmo era de “ganhar” deles, sem dó.
O Guga é um exemplo de superação, de luta e, sobretudo de confiança em si mesmo da história do esporte mundial. Além de vencer todas as barreiras que um país sem a menor tradição no esporte pode proporcionar, Guga venceu a si mesmo, ou pelo menos ele venceu o pensamento comum, ele achou que este pensamento não era real e que um outro deveria ser buscado. E isso meu amigo, é o mais difícil de tudo!
E ele Conseguiu!!!!
Hoje, todo jovem tenista brasileiro quer ser o Guga, e com isso acredita que é possível fazer o que ele fez, acredita que ele também pode entrar para história do Tênis e isso nada mais é, do que acreditar nele próprio, a base de todo grande tenista. A confiança em si mesmo é sempre uma característica marcante das grandes estrelas do tênis.
Uma característica que a grande maioria de nós jovens tenistas brasileiros não tínhamos e que de repente nos foi “apresentada” pelo Sr. Gustavo Kuerten.
Talvez você pergunte: “Porque então, não apareceram novos grandes tenistas profissionais após o Guga?”. Simplesmente, porque infelizmente o aparecimento de Guga mudou nosso interior, mas o exterior continua o mesmo. A falta de organização, apoio, trabalho de base e divulgação de nosso esporte continua igual sempre foi. Alguma ações estão sendo tomadas, mas ainda estamos longe de dizer que somos exemplo para outros países.
Este feito mostra a grandeza deste atleta, mostra também a nossos jovens talentos que o sucesso só vem depois de anos de trabalho duro, que a única maneira de transpor esta “barreira de realidade” que escrevi acima é acreditando em si e trabalhando muito, sem descanso, sem distração.
Quando falo ou penso em Guga, é sempre isto que vem a minha mente, um cara que mudou a história de um esporte e principalmente mudou a maneira de pensar de várias gerações, de jovens tenistas e técnicos que hoje trabalham acreditando que podem conseguir seus objetivos.
OBRIGADO GUGA!!!!!
Todos sentiremos saudades de lhe ver jogando, mas isto nunca nos distanciará daquilo que você nos ensinou a acreditar.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Obrigado Guga..
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Parabén Leandro.
Acho que o tênis precisa de trabalhos como o seu. Em todos os aspectos.
Quem sabe assim, vivamos para ver um mundo melhor ainda que seja o mundo do tênis.
Siga em frente.
Abç
Clóvis Silva
Postar um comentário